sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Boa idéia

Esses dias eu estava voltando pra casa, caminho bem conhecido, desci na estação paraíso e subi aquele lance de escadas pela milésima vez. Caminho automático. Parei num dos pedacinhos pintados do chão em frente dos quais as portas param. No do lado tinha um casal, discutindo. Por que as pessoas têm que brigar?

Li um pedaço do livro que a moça do meu lado estava lendo. Disfarcei, né!? Vai que ela se irrita. Não pareceu um livro muito legal. Voltei minha atenção pro casal de novo. Bem nessa hora ele resolve terminar a discussão. Tem vários jeitos pra fazer isso. Mas não, ele tinha que escolher um dos piores. Tirou a aliança e jogou no chão.

Ela se importava com ele, estava tentando resolver as coisas, conversando. E ele sabia disso, porque mostrou todo seu talento para o gênero dramático fazendo uma ceninha com algo que ela considerava importante. Pois bem, a situação estava injusta com ela. Ela mostrando que se importava e ele fingindo que não.

Nos milisegundos entre ele tirar e jogar a aliança deu tempo de eu pensar umas três vezes "não faz isso, não faz isso, não faz isso". Na hora e depois, eu , me colocando no lugar do destino, tentei imaginar como resolveria essa vantagem dele. E olha como as coisas acontecem meticulosamente planejadas ao acaso.

Acontece que ele estava a menos de um metro e meio do fim da plataforma. E acontece que alianças são formas quase circulares. E na não tão improvável hipótese de um objeto circular de alguns milímetros de largura cair em pé, ele rola! E claro que a aliança caiu assim, e rolou. Ou seja, demorou menos de sessenta centímetros pra ele abandonar a pose de 'não ligo mais pra você' e pisar na aliança antes que ela caísse na linha do metrô.


Morais da história:

1) Não faça joguinhos psicológicos com as pessoas que se importam com você. Fale o que você pensa e não de a entender o oposto.

2) Não tente planejar ou resolver as coisas do seu jeito. Alianças são muito mais sábias do que parecem.

 Titãs - Epitáfio