sábado, 21 de junho de 2008

Uma escolha

Hoje eu acordei meio estranho. Meio perdido. Comecei a me situar, então. Estava no meu quarto de divisória na pensão onde eu durmo. O enfeite alemão pendurado na lâmpada e o celular tocando ‘o anjo mais velho’ pela quarta ou quinta vez. Tinha dormido com a roupa do dia anterior, por cima do cobertor dobrado. A língua ainda queimada do café solúvel.
Não sabia se estava de bem com o mundo ainda, não tinha decidido. Arrumei minhas roupas da semana que passou, peguei a mala, a mochila e fui para o ponto. No ônibus, só um lugar vago. Um rapaz subiu no ônibus na minha frente, o lugar era dele. Eu ia ficar em pé, tinha que estudar. Não é legal estudar em pé. Acho que tinha decidido: não estava tão de bem com o mundo assim.
Quando passei pela catraca e cheguei à parte de trás, o rapaz se ofereceu para segurar minhas coisas já que estava sentado. Tinha bastante espaço, não precisava incomoda-lo. Agradeci.
É bobo, muito bobo. Mas só a oferta dele me fez mudar de idéia. Estava sim de bem com o mundo. De bem com a vida. Oras. Por que não estaria? Ambos, mundo e vida, são tão lindos. Alguém viu a lua ontem? Quando não estava encoberta estava muito encantadora. Uns minutos depois entrou uma senhora e a moça ao lado dele ofereceu o lugar pra ela. Eu estava feliz.
E daí q tinha quarenta e oito páginas de resumo de físico-química me esperando na mochila? E daí que a maioria do ônibus não tinha nem visto a senhora entrar? E daí os problemas nos quais eu acordei pensando? E daí tudo de ruim que acontece no meu cotidiano?
A gente que escolhe o que pesa mais. A beleza da lua de ontem ou minha chave que quebrou no portão? Não é comodismo. Não podemos deixar tudo como está porque damos mais valor pras coisas boas. Mas podemos escolher em que vamos nos basear. Escolher a que daremos mais valor.
Quando cheguei em casa, fui ver alguns blogs. O que me chamou mais atenção neles foi o texto ‘como se fecha um ciclo’(http://a-redonda.blogspot.com/), um belo texto de um belo blog que diz que a vida continua e depende apenas de você.


Pra terminar com uma história: Saía eu do bandejão ontem a noite, quando passando pelo filtro de água, vi uma menininha na ponta dos pés tentando por água no copinho descartável. Não alcançava o botão. Apertei pra ela. Ela deu um sorrisinho surpreso e olhou pra mim. Parei de apertar quando o copo estava pela metade. Perguntei ‘mais?’. Ela agradeceu fazendo que não com a cabeça e depois ficou lá com o mesmo sorrisinho. E eu estou aqui com o sorrisinho dela ainda. Que bom q o filtro é alto.^-^

Comunidade recomendada: (http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=1417213)

 queen - don't stop me now

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Do latin masculu

Na capa do ‘Senhor dos Anéis’ volume único, não lembro que edição, é aquele dos Argonath na frente. (ta, como se todo mundo soubesse o que são argonath) Aquele das estatuas lá, sabe? Não? Enfim, na parte de trás está escrito algo como ‘o mundo está dividido entre aqueles que já leram o hobbit e o senhor dos anéis e aqueles que não leram’.
Oras. Não é óbvio? Claro que quem disse isso estava se referindo ao brilhantismo das obras de Tolkien. Mas não deixa de ser óbvio. O mundo ta dividido entre aqueles que já fizeram qualquer coisa, e os que não fizeram.
Uma dessas divisões eu pensava estar surgindo agora, mas pensando bem, deve ser muito antiga. Ou você é macho ou você é gay! Não existem mais homens, você tem que ser um extremo. Ou você faz um comentário sobre cada mulher que passa por perto e diz quatro palavrões pra cada 3 não palavrões, ou você é gay. Simples e fácil. Nem precisa pensar muito, é uma classificação bem simples.
Eu nunca quis ser macho. Sempre preferi ser homem a ser macho. A macheza está, para mim, associada à irracionalidade, a tentar demonstrar superioridade sobre outros machos baseando-se na força, agressividade, desprezo por regras e costumes e outros excessos de testosterona que impossibilitam qualquer apresso por gentileza ou sentimentos.
E muitas vezes toda essa pose de desleixado e invulnerável nem é pra impressionar as mulheres, é na verdade uma tentativa de impressionar os outros machos.
Não pensem que esse texto é pra alguém especifico. Não, faz um bom tempo que eu penso nisso já. E um dia no metrô uma moça me fez pensar com mais interesse nesse assunto.
Estava eu na Barra funda esperando o metrô chegar, devia ser por volta de meio dia e eu já estava um pouco atrasado. Quando o metrô aparece no finzinho da curva lá na frente, começa o empurra-empurra. Um cara do meu lado estava com muita pressa. Devia ser muita pressa mesmo, porque antes mesmo de o metrô parar, ele já empurrava um grupo de mulheres com sacolas contra o vagão.Uma voz no meio do bolo de gente que se formava a frente de onde a porta ia parando disse “Nem parou ainda, ô! Fica empurrando um monte de mulher na parede? É muito macho, né?!” Depois, um segundo de reflexão quieta e: “Tem que ser macho mesmo, porque homem mesmo não faz isso!”
Também não vou condená-lo, talvez estivesse com algum problema urgente, e apesar de as pessoas ao redor não terem nenhuma culpa, ele pode não ter lembrado disso, muita gente não lembra.
O fato é que se ele fosse homem e não macho o abajur que a moça comprara teria chegado inteiro em casa.


 Legião Urbana - Via Lactéa

segunda-feira, 9 de junho de 2008

É tão cruel...

...mas é a vida!

Pois é...já dizia Manuel bandeira.Esse não é um post triste, melancólico, deprimido, derrotista, conformista ou qualquer coisa ruim do tipo. É só um post óbvio, simples, sem nenhum significado oculto ou frases nas entrelinhas, apenas o sentido mais explícito do que se lê: é a vida!
Por vezes tomamos decisões precipitadas, agimos por instinto, resolvemos provar algo novo. E na maioria delas quebramos a cara. Nem sempre a nossa, mas quebramos.
Em algumas, quebram a nossa também. E aí, oq? Choro, depressão, insônia, porres homéricos, brigas, descontar em quem não tem nada a ver com isso ( mas esse é assunto pra um outro post), mais porres, mais brigas, mais lenços de papel e quilos de chocolate.
Mas no fim das contas, não adiantou nada. Você continua triste, desiludido, com raiva. O motivo de tudo isso não passou e vc agora tem pneuzinhos e um fígado arruinado.
A verdade é que não importa o que vc faça, existem coisas na vida que a gte só pode aceitar. Tem coisas que não são de propósito. Há vezes em que ninguém tem culpa. É a vida!

Uma frase dita em uníssono quando três químicos que não entendem nada da vida resolveram filosofar, provavelmente errada, mas vem bem a calhar. ‘As únicas coisas q não têm lógica são as relações inter-pessoais’.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Regra do ônibus...

Começo esse blog com uma espécie de protesto. Na verdade, apelo. Pensando bem, só um pensamento bobo de um cara bobo que não vai fazer diferença nenhuma em lugar nenhum.
Mas vá lá, que não faça diferença, pelo menos eu disse. Isso me vem a mente toda vez que entro num ônibus ou bandejão, ou quando penso em orbitais atômicos. Claro que spin e coxas de brontossauro não têm nada a ver, que eu saiba. Mas as pessoas não pensam muito no que fazem. Quase nunca. E quase todas.
Por exemplo, pra que sentar num lugar isolado quando você está sozinho? Já pensou que daqui dois minutos vai entrar um casal querendo sentar junto e você vai estar no único lugar pra duas pessoas, almoçando com sua mochila? Não, né? Provavelmente.
O ponto é esse, as pessoas não pensam no que fazem ou dizem. Só fazem, ou só dizem, sem pensar no efeito que vai ter. Quando eu digo essas coisas sempre me dizem que é assim que funciona, é assim que acontece na natureza.
Que importa como os macacos fazem? Nós não temos o polegar opositor e o telencéfalo altamente desenvolvido afinal? Se fizéssemos tudo instintivamente e como acontece na natureza em geral, ainda estaríamos nas nossas cavernas fazendo fogo com pedras e deixando os outros em pé.